Sexta-feira, 4 de Abril. Aliás... Sábado 5 de Abril.
Cheguei à Comuna depois de jantar. Não pude ir ao jantar.
Na fila encontrei os meus camaradas Gordos à espera de uma hipótese de frequentar esse espaço de festa.
Saltei qual jogador de râguebi para um grande abraço colectivo daqueles que ainda se mantinham de pé. Uns poucos já esperavam sentados resultado da exaustão da espera com um toque de cevada. Nesse grande abraço vi o nosso pequeno. Qual estrela cadente vinda do Norte, qual estrela seguida pelos Reis Magos, qual Leónidas a rasgar os céus de uma noite de Agosto... Era ele, o pequeno e cintilante Antunes!
Olhei para ele e, numa reflexão típica de um arrogante alfacinha, comentei: "F... que bela camisola!". A resposta não tardou num chorrilho de pontuações nortenhas que não me arrisco a reproduzir. Era mesmo ele!
No interior, cerveja, vodka e outros produtos survíveis alegravam o nosso convívio entre a confusão, as miudas giras, a dança, as miudas giras e a ocasional pausa para um cigarrinho no exterior. A noite estava agradável e apelava aos líquidos e aos momentos no exterior. O nosso Araújo fazia o possível para se escapar de mais um estalo de um qualquer dos Gordos... É uma diversão como outra qualquer...
Páginas volvidas e, força de uma qualquer quatidade de líquidos ingerida, o chichi. Aquele que aparece com a frequência que não desejamos e com a vontade de um guerreiro mongol na busca por mais um troféu. Tinha de ir! O pequeno resolveu acompanhar-me. Estava aflito, o coitado... Estava lá à perto de 3 horas e ainda não tinha encontrado o WC. Compreende-se... A cota de observação do petiz não lhe permite vislumbrar para além do parco conjunto de pessoas que o rodeia. A vida tem destas coisas.
Arrancámos para o WC. À porta, uma dezena de garotas forçava a entrada para a secção masculina da
Toillet. Indaguei o porquê. "Sabes quem lá está dentro? Sabes?", "Confesso que não..." respondi. Qual a minha surpresa quando, qual concerto dos Beattles em Londres, sai o Bruno provocando histéricas demonstrações de afecto e aparentementes dolorosas tentativas de obter o mesmo grau de calvice do ídolo das garotas.
Deixámos o Bruno para trás e entrámos no WC.
Ajeitava-me para o fabuloso momento de aliviar a bexiga quando ao meu lado oiço aquela pontuação inconfundivel: "F..!!", era o Antunes. "Que foi?" perguntei, "Não chego ao C... do urinol! Odeio quando esta M... me acontece!". Soltei um sorriso e algumas palavras de encorajamento. Em bicos de pés o petiz tentava realizar a sua acção com alguma dificuldade fruto de uma bexiga tímida, envergonhada com as minhas sonoras gargalhadas.
Enfim... saímos da complicada aventura no WC e havia Ramos em seu estilo apelidando tudo o que mexia de "Oh Vizinha!". Foi de tal forma que à saida, enquanto esperávamos pelo final de diversas situações que teimavam em não ter fim, dei pelo nosso extrovertido Alentejano a apelidar de Vizinho um pequeno Melro que procurava algumas migalhas num copo vazio...
O pequeno, esse, continuou a espalhar luz e a abrilhantar a noite a caminho da João Jurado...
Foi assim a aventura dos Gordos na comuna.